quarta-feira, 30 de abril de 2008

Analógico vs Digital


Nasci para a fotografia no analógico e porque o preto e branco era na altura a forma mais barata de se fazer fotografia em casa, a minha passagem para o digital não foi feita sem uma forte resistência da minha parte.

Por razões saudosistas e nostálgicas, não encarei muito bem o advento da fotografia digital, onde tudo era mais simples e onde à partida os conhecimentos não seriam tão exigentes a nível técnico de laboratório digital como o eram no laboratório analógico. Hoje, passados 7 anos no digital e depois de ter começado a imprimir as minhas imagens, cheguei à "minha" conclusão de que não é tão linear quanto isso.

Penso antes de mais que a fotografia em si não mudou tanto quanto se pensa, pois que a imagem a meu ver será sempre feita da mesma forma: na máquina fotográfica, com a sensibilidade e técnica do fotógrafo. Ao ver as minhas imagens actuais e as antigas, muitas delas com o mesmo motivo, a minha fotografia não mudou mesmo nada no que se refere à tal sensibilidade e forma técnica de abordagem . Em termos qualitativos, pois e mercê das enormes evoluções a nível de sensores e máquinas fotográficas, a diferença na prova final não será tão grande como há uns anos atrás, comparando o analógico com o digital.


Será que vale a pena às pessoas que querem começar a "fazer fotografia", passarem pela aprendizagem da técnica e do laboratório da fotografia analógica ? Penso sinceramente que não, até porque os custos hoje em dia, de se fazer fotografia convencional em casa, serão eventualmente superiores aos da fotografia digital, para uma diferença de qualidade que cada vez é menor.

Como em tudo, a fotografia digital tem um caminho de aprendizagem que e para quem queira "fazer fotografia" a sério, tem também as suas técnicas que, não sendo difíceis, têm de ser bem entendidas, respeitando a meu ver a imagem original. E então quando chegamos à impressão de trabalhos com qualidade, é necessário saber-se mesmo o que se anda a fazer.

Penso que a fotografia convencional está moribunda - tenho pena, acreditem que tenho por razões de nostalgia principalmente - e que a fotografia, como acima disse, não mudou tanto quanto se pensa, sendo que o digital é mais um conjunto de conveniências que são bemvindas, do que uma filosofia em si.

domingo, 27 de abril de 2008

Concursos de fotografia ? Não obrigado


Muitas vezes os meus amigos/as me perguntam o porquê de não participar em concursos de fotografia.


Penso que a fotografia é como quase toda a arte, o espelho da alma do fotógrafo e que tal não pode ser mensurável ou mesmo comparável com nada. Acho injusto que um júri, formado por um painel quiçá de "iluminados", determine que "X" obra é melhor que "Y". Fazer-se "competição" na arte e nomeadamente em fotografia é algo que não entendo nem nunca conseguirei entender.

Para mais por vezes vejo obras que ganham prémios e fico a olhar para elas e pergunto-me: "Mas que raio tem isto de especial ". Serei injusto pois que para além do sentido estéctico e da técnica, uma coisa não é visível aos olhos de muita gente, nem aos meus: a alma, o porquê daquela imagem existir.

Costumo dizer que seria como colocarem o Dali e o Picasso a concurso: quem ganharia ? Um é melhor que o outro ? Ou são ambos diferentes e tocam diversas pessoas de diversas maneiras diferentes?

Eis o porquê de nunca ter entrado e de nunca entrar em concursos de fotografia, por mais "inócuos" que eles sejam ou pareçam.

sábado, 26 de abril de 2008

" Porto atrás de Cortinas "




Esta fotografia, feita em Decembro de 1987, foi a minha fotografia mais comentada no meu stand no SIARC 2008
. Utilizei a Nikon F2 com uma Tamron 28~70mm, filme Ilford HP5 - 400 asa.

A história é simples: ia a passar em Gaia por uma casa particular meio abandonada que estava de porta aberta e ao ver esta vista sobre o Porto atrás de uma cortina, pedi à dona da casa se me deixava entrar para capturar esta visão. Permissão concedida e...click.


O mais interessante foi ouvir as diversas interpretações e leituras que as pessoas fizeram dela. É giro quando as pessoas vêm pelos nossos olhos e sentem de forma tão diferente umas das outras

Pertence à colecção particular de Vitor Vilaverde

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Bienal dos Açores - 1990




Em 1990 , decidi enviar dois trabalhos para a Bienal dos Açores. Conforme já disse noutro post, não esperava que as imagens que enviei fossem sequer seleccionadas para exposição, mas para minha surpresa e satisfação, foram expostas com duas menções honrosas.

Uma fotografia é dos pés ao sol do meu filho mais velho, na altura com 9 meses - tirada em 1987 - e a outra de uma janela e seu reflexo no chão na casa que meus pais tinham no Gerês.

Esta última levou-me muito tempo a tirar, pois que a medição da luz foi muito complicada, pois só queria apanhar mesmo a janela e o reflexo e deixar todo o meio envolvente na escuridão. E na altura como não havia digital - em 1986 - tive de o fazer com o fotómetro da máquina. E ainda hoje o faço: tudo na máquina e só uns ajustes no computador quando necessários.

As imagens podem ser vistas no meu site, na secção Humanos e Pontas Soltas.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

SIARC 08


A minha participação no SIARC 08 - 1º Salão Internacional de Artes Criativas do Porto - a convite da organização, foi uma experiência deveras interessante e recompensadora.

Desde há muitos anos que tanto a familia como alguns amigos me diziam para expor os meus trabalhos. Como sempre fiz fotografia para mim próprio, nunca tive intenções de expor. Só em 1990, submeti dois trabalhos meus á Bienal dos Açores e Atlantico, convencido que os mesmos nao iriam ser aceites visto que os critérios na altura usados para avaliação eram muito exigentes. Para meu gáudio na altura, não só foram os dois aceites como tiveram lugar a duas menções honrosas. Foram eles uma fotografia de uma janela e seu reflexo no chão da casa de meus pais no Gerês e uma dos pés do meu filho Francisco, na altura com cerca de 9 meses, na quinta da familia da Teresa em Barcelos.

Só no ano passado, em Setembro e com a colaboração e iniciativa da minha amiga Isabel Rocha Leite, e o apoio incondicional da minha família, decidi por fim expor ao vivo os meus trabalhos. Entretanto, já tinha feito o meu site, já tinha exposto "virtualmente" os meus trabalhos no Skinbase - já não estou lá - e no photo.net onde os meus colegas de lá, na sua maioria estrangeiros mas onde tenho também colegas fotógrafos portugueses , começaram a comentar o meu trabalho , com a sua visão de fotógrafos.

Depois de expor na Pão de Ló, outras exposições se seguiram no restaurante A Casinha - com boas condições para o efeito -, no ItSo Café no Porto, na Base Aérea de Montereal - excelentes condições - ( esta exposição foi conseguida com a ajuda da Dulcineia Loureiro ) - no Contrabaixo Bar em Mira - com a precisosa divulgação e ajuda do meu amigo Francisco Amaral - e agora por fim no SIARC.

O SIARC foi importante por duas razões: primeiro porque os visitantes não iam à procura de uma exposição de fotografia - havia várias aliás - e segundo porque conheci outros fotógrafos de bom gabarito e estabeleci contactos com diversas entidades que se mostraram interessadas no meu trabalho.

Foi recompensador ver o público a passar no stand, parar e ver com atenção o meu trabalho...com agrado e com comentários deveras positivos sobre o mesmo. No fundo pessoas completamente isentas e desinteressadas em me agradar ou não com aquilo que diziam.

E também porque vendi a minha primeira fotografia, - não esperava vender nada para ser sincero - por sinal a que mais "impressionou" o público em geral.

Em Junho tenho já agendada no espaço PT do Porto uma exposição colectiva, de nome Porto Folio, onde para além da fotografia - serei o "fotógrafo de serviço" - haverá também uma exposição de cerãmica e outra de pintura, tudo relacionado com a cidade invicta. Esta oportunidade foi desencadeada pela Ana F. a partir de Lisboa, onde mais tarde faço tensões de expor também, no espaço PT em Lisboa.

No geral sinto que fiz muito bem em dar o salto para expôr ao vivo, pois que a imagem impressa tem muito mais impacto e beleza do que a imagem vista num ecrã de um computador.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A fotografia não tem segredos


Aos 15 anos quando montei o meu primeiro laboratório fotográfico, num espaço exíguo que ainda restava no meu quarto de adolescente, mal sabia eu que aos 51 - rica capicua esta - estaria eu a abrir este blog para falar sobre fotografia.

Passaram 36 anos, 10 dos quais - entre 1991 e 2001 - interrompi toda a minha actividade fotográfica amadora sem no entanto ter perdido a paixão por isto. Em 36 anos aprendi muito sobre fotografia - e continuo a aprender - fiz muitas asneiras, gastei muito dinheiro com este hobby e sempre fui fazendo fotografia, com o apoio de toda a minha familia e de alguns amigos.

Hoje em dia todos somos fotógrafos - basta termos um simples telemóvel para "tirar uma fotografia " - mas nem todos " fazemos fotografia ". E quando digo " nem todos ", não me estou a colocar num grupo restrito de "iluminados fotógrafos", pois que o não sou, antes pelo contrário, pois acredito que, quem tenha gosto por isto pode sempre vir a ser um bom fotógrafo.

A fotografia não tem segredos, - só tem aqueles que as pessoas insistem em mantê-los - necessita sim de quatro coisas fundamentais : interesse, dedicação, conhecimentos técnicos e imaginação. Penso que estas 4 condições estão ao alcançe de quem goste de fotografia, de quem queira "fazer fotografia".

Fazer fotografia é algo que toma tempo, é algo que pode ser cansativo - no bom sentido - mas extremamente recompensador. Mas acreditem que não tem segredos. Tem sim como tudo, um caminho de aprendizagem , um campo de testes permanentes, pois para mim a arte ou não arte em que a fotografia se pode transformar, reside no "olho " de cada fotógrafo, reside na sua sensibilidade, na sua atitude, na sua abordagem de como vê o mundo e na forma como comunica essa mesma visão.

Não quero guardar segredos relacionados com a fotografia - pois que os não tenho - quero sim partilhar com todos os frequentadores deste blog, os meus conhecimentos, as minhas experiências e sobretudo e também: aprender.