segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Couve

Defendo que tudo, absolutamente tudo é passível de ser fotografado. Inclusivamente coisas que nunca nos passariam pela cabeça fotografar.

Fotografei uma simples couve - nao tinha nada para fazer e muitas vezes quando nao temos nada para fazer e se tivermos a máquina fotográfica connosco, vemos coisas que se calhar nem viamos -  e gostei do resultado final.

A luz, o detalhe e a composição, sem qualquer corte, ficaram do meu agrado.

A objectiva usada foi a excelente Nikkor 85mm f/1.8

Podem ver a minha couve aqui

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Nikon F e F2 - as SLR's que mudaram o mundo da fotografia 35 mm





São sem dúvida as máquinas de mais sucesso em todo o mundo e que vieram revolucionar  o mundo da fotografia de 35mm desde então. São autênticas lendas, verdadeiras estrelas no universo da fotografia de 35mm.

Um pouco de história. Recuemos a 1959. Apesar dos japoneses na altura estarem a ser a novidade no sector - se bem que a indústria japonesa neste mesmo sector já existisse há largos anos ( a Konica é a marca mais antiga de máquinas japonesas ( 1873 ) seguida pela Nikon ( 1917 ) e pela Asahi Pentax ( 1919 ) - toda a gente sabia que os alemães eram os lideres inquestionáveis. As Leica eram as máquinas "rangefinder" profissionais mais vendidas e as Rollei TLR as preferidas no formato 120. Para além disto, as excelentes ópticas produzidas pela Carl Zeiss, deram origem às Contax e Contarex. Só comprava máquinas japonesas, quem nao tinha dinheiro para comprar as alemãs.

As SLR eram tidas como máquinas muto lentas, - o primeiro fabricante mundial a fazer uma SLR, foi a Asahi-Pentax, com a AsahiFlex I - pois que os espelhos não tinham retorno automático e o diafragma nao era também automático. O que significava isto ? Tão simples como que, quando se tirava a fotografia, o espelho do pentaprisma ficava em cima e até que o filme fosse avançado, ficavamos a olhar para um buraco negro. O primeiro fabricante a introduzir o primeiro espelho de retorno automático foi também a Asahi Pentax, através da AsahiFlex IIb, em 1954, mas nem toda a gente se conseguia adaptar à inovação. E permanecia o velho problema do diafragma nao ser automatico: se tirassemos uma fotografia a f/16 por exemplo, depois da fotografia tirada, o diafragama permanecia em f/16 e nao voltava à sua abertura mais rápida, a não ser manualmente. Ora era mais uma operação que o fotógrafo tinha que fazer antes de tirar nova fotografia: voltar a colocar o diafragma da lente na sua abertura máxima, de forma a poder novamente ver com claridade uma nova fotografia a ser tirada.

A luta entre fabricantes para desenvolverem a SLR do futuro, era renhida nos anos 50. Apesar de alguns deles parecerem estar no bom caminho - nomeadamente a Asahi-Pentax ( hoje só Pentax ) ,que foi sem dúvida a grande impulsionadora na altura - nenhum deles tinha na realidade uma SLR 35mm profissional, que fizesse realmente frente às melhores "rangefinders" do momento. Até que apareceu a NIKON F. 

Curiosamente no  Philadelphia Photo Show de 1959, apareceram 3 novas linhas de SLR's japonesas: a Minolta SR2, com uma objectiva Rokkor 55/f:1.8 com um preço de 249,90 US$, a Canon Canonflex com uma objectiva Canon 50/f:2 com um preço de 299.95 US$ e a Nikon F com uma objectiva Nikkor 50/f:2,com um preço de 359,50 US$.

A Nikon F apesar de mais cara, eclipsou as outras e tornou-se desde então a primeira máquina SLR 35mm profissional.  Os profissionais "emigraram" em bloco da Leica M ( e de todas as outras ) para a Nikon F , e até hoje a Leica nunca mais se recompôs. Mas mais do que a mudança de profissionais da Leica para a Nikon, o que ficou na altura provado foi que a industria fotográfica japonesa fazia finalmente frente à indústria fotográfica alemã. A partir de então os japoneses lideraram, deixando os alemães na tentativa de os apanhar. A Zeiss simplesmente abandonou o fabrico de máquinas fotograficas, a Rollei aguenta-se porque foi comprada pela Samsung, a Leica continuou o seu negócio de indole familiar, sendo que ficou com laços estreitos com a Yashica.

A Nikon F foi sem dúvida o grande ponto de viragem. Estava na altura muito à frente da concorrência em todos os sentidos. Mas porquê? Que tinha esta máquina de tão fantástico para de uma assentada, virar o rumo dos acontecimentos ?

Foi a primeira SLR a ter:

Possibilidade de motorização através de um motor portátil que avançava o filme automaticamente; conseguia 4 frames por segundo com o espelho bloqueado;

Uma gama de objectivas que iam desde os 21 aos 1000mm, desde o primeiro dia de comercialização;

Um visor que cobria o campo de visão a 100%;

Permitia o bloqueio manual do espelho;

Permitia ecrãs de focagem intermutáveis;

Contava com o primeiro sistema profissional, para além das objectivas, uma panóplia de acessórios vastíssima, que ofuscou toda a concorrência;

Contava também com um porta rolos opcional que se aplicava na parte de trás, que albergava até 250 fotografias, aquilo que os profissionais queriam para eventos desportivos;

Uma precisão de fabrico e robustez a toda a prova. Os profissionais ganhavam a vida com ela e nao queriam passar o tempo com visitas súbitas às lojas de assistência técnica; não se chegava às Leica ou Zeiss Contarex mas a diferença era tão ténue, que pouco importava;

Podia receber diversos visores e pentaprismas opcionais, - os famosos Photomic's - entre os quais o visor de visão superior, tipo máquinas de médio formato; era uma máquina modular,toda ela constituida por módulos que se intermutavam mutuamente;

Depressa a Nikon aumentou o leque de acessórios, criando o sistema mais completo e avançado de fotografia do mundo;

Foram produzidas  862,600 Nikon F e um dos anúncios mais populares nos anos 60 era:

" Hoje praticamente nao existe outra escolha "

Seguiram-se à F, a F2 , a F3, a F4 a F5 e a F6, todas elas referências no meio fotográfico mundial, mas nenhuma delas tão famosas quanto a F e a F2.

A F2, foi a evolução natural da F de tal forma, que alguns dos elementos de uma e de outra se podiam trocar entre si, dando uma liberdade excepcional ao fotógrafo que tivesse uma F e quisesse comprar o corpo de uma F2. Lançada em 1971 e produzida até 1980, a F2 nao só tinha melhoramentos importantes e significativos no que toca a F, que a tornavam ainda mais apetecivel e manuseavel pelos profissionais, mas sobretudo o sistema da Nikon que a acompanhou e foi evoluindo, permitiu que a F2 se tornasse uma máquina camaleónica, não havendo serviço fotográfico que nao se pudesse fazer com esta máquina excepcional. Se a F ficou famosa por ter mudado o rumo da fotografia 35mm, a F2 ficou famosa por ser a máquina profissional mais usada em todo o mundo. A Nikon dominava o sector. Para se ter uma idéia real do avanço que a Nikon tinha,na altura em que a F2 saiu, estava a Canon a iniciar-se neste mercado das SLR's profissionais com sistema dedicado, com a excelente e bonita Canon F1. Mas costuma-se dizer que "candeia que vai á frente, alumia duas vezes" e a F2 alumiou de tal forma, que a Canon F1 ficou sempre na sombra. Até a designação da Canon é uma inapropriada "cópia" da Nikon. Os diversos motores auxiliares da F2, podiam "acelerar" desde os 5 fps ( frames por segundo ) sem o espelho bloqueado, até aos 14 - sim quatorze - fps. Hoje , continua a ser a Nikon a conseguir mais frames por segundo, com a novíssima D3 que consegue entre 9 fps (modo FX) e 11 fps (modo DX) de forma e autofoco continuo.

A resistência e construção da F2 - superior já à F e não temendo desta feita qualquer comparação às Leica, - fez com que se espalhasse a "boca" de que a F2 era uma "arma de arremesso"...que tirava fotografias. Ainda hoje eu digo o mesmo da minha D200.

Muitas vezes perguntam-me: "Olha lá e se algum dia te tentam roubar a máquina na rua ? "

A minha resposta é sempre a mesma: " primeiro o gajo leva com a máquina nas ventas e se o larápio resistir ao impacto - o que duvido - então dou corda aos sapatos e piro-me ". Não deverá ser agradável levar com cerca de dois quilos de máquina arremessada nas trombas.

A Nikon F e a Nikon F2 ficaram a ser sem dúvida as máquinas SLR profissionais mais respeitadas e utilizadas em todo o mundo. Só haviam na altura - anos 70 -  dois sistemas que podiam comparar-se ao sistema da Nikon F2: o sistema da Olympus OM1/OM2 e o sistema da Canon F1.

Tenho uma Nikon F2A Photomic, que o meu pai me ofereceu em 1978, da qual me orgulho imenso, ainda hoje lhe pego com imenso carinho, é para mim a menina dos meus olhos - de nome Nikolina - com 30 anos de existência, muita pancada, mas que nunca, mas nunca precisou de nada a não ser a mudança das baterias do fotómetro, que em 30 anos...mudei-as somente duas vezes. Lembro-me que antes de comprar a minha primeira Nikon - uma Nikkormat FT2 em 1974 - o saudoso professor José Marques da Silva - que tinha uma Nikon F -  e causador principal deste minha paixão me disse:

 - " Olha lá , só compras Nikon ouviste? Se comprares outra marca nao falo mais contigo ". Valeu o que valeu. Na altura estava eu inclinado para uma Minolta SRT 303b ou para uma Canon, mas quando peguei na Nikkormat e ao lembrar-me das palavras dele, foi mesmo Nikon que comprei e nunca mais me arrependi da escolha.

Compreendem agora porque sou um Nikonista ferrenho ? Sou sim. Respeito as outras marcas sem dúvida. Tenho um especial carinho e admiração pela Olympus ( o meu filho mais novo tem uma Olympus E500 e eu trabalhei muito tempo com uma Olympus OM-1 - gostava imenso daquela máquina - a par da Nikon F2 )  e pela Pentax ; um saudosismo enorme pela Leica e Rolley - o meu pai teve uma Leica e eu uma Rollei 35 S, - e pela já nao existente Minolta ( que foi comprada pela Konica e depois a Konica-Minolta vendida à Sony )  e obviamente que sei que a Canon e a Sony têm produtos de muita qualidade ( afinal tenho uma Canon S80 e duas velhas Sony ).

Porém, a fotografia é feita pelo fotógrafo e nao pela máquina, seja ela qual seja, mas...uma Nikon...é sempre e será sempre uma NIKON

A importância ou não da quantidade de pixéis

Não nos deixemos enganar pela corrida a um maior número de pixeis, pois que nem sempre mais é melhor; há um sem número de factores que afectam a imagem digital. 

A qualidade de um valor de pixel, pode ser descrita em termos de precisão geométrica, precisão de côr, escala dinâmica, ruido e artefactos; a qualidade de um valor de pixel, depende do número de fotodetectores que são utilizados para a determinar, a qualidade da combinação da objectiva com o sensor utilizados, o tamanho dos fotodiodos, a qualidade dos componentes da camara, o nivel de sofisticação do processador da máquina, o tipo de ficheiro em que se grava a imagem, etc.

Sensores diferentes em máquinas concebidas de forma diferente, resultam em compromissos diferentes. Por exemplo, os resultados de uma objectiva de marca independente, pode ser diferente para a mesma imagem, se utilizada com a máquina A ou B.

A precisão geométrica por exemplo está relacionada com o número de localidades de pixeis no sensor e a capacidade da objectiva em “casar-se” ou acompanhar a resolução do sensor. Por isso o resultado de uma mesma objectiva poder ser diferente se usada em camaras distintas. 

Assim e objectivamente não há forma prática e infalível de medir ou comparar qualidade de imagem, num leque tão vasto de sensores e camaras diferentes. Por exemplo um sensor tipo Foveon de 3 megapixeis, utiliza 9 milhões de pixeis – 3 camadas de 3 megapixeis para cada uma das cores RGB – e é superior a uma imagem convencional - sensor Bayer - de 3 megapixeis mas inferior a uma imagem convencional de 9 megapixeis; um sensor Bayer de 6 megapixeis de uma compacta produz imagens inferiores em qualidade se compararnos a uma imagem produzida por um sensor Bayer de 6 megapixeis de uma DSLR, porque maior. A densidade de pixeis por cm2, é menor na DSLR, o que nos indica que os pixeis são maiores para o mesmo número de pixeisno sensor.

Por exemplo a Fujifilm, nas compactas, sempre foi uma referência na qualidade de imagem dos seus sensores. Costumava-se dizer que a Fuji fazia máqunas ao contrário dos outros fabricantes: um excelente sensor, numa máquina média, enquanto que os outros faziam uma máquina excelente para um sensor médio. Para além de serem sensores SuperCCD - os pixeis em vez de serem quadrados são octogonais - são sensores com o tamanho de 1/1.7 de polegada e a Fuji sempre preferiu sensores maiores para conseguirem pixeis maiores. Uma das referências da marca foi a Fuji F31fd, uma camara de 6,3 megapixeis, ( 14 mpixeis por cm2 ) com uma qualidade de imagem excelente, mesmo a ISO's elevados, sendo que actualmente as novíssimas F50fd e F100fd, com um sensor milimericamente maior ( 1/1.6" ) mas com 12 megapixeis ( 25mpixeis por cm2 ) continuam a ter uma qualidade de imagem muito boa, mas já em nada comparavel à da irmã mais velha, a F31fd, especialmente a ISO's mais elevados. E esta menor capacidade a ISO's mais elevados tem logo à nascença a ver, com a quantidade de pixeis comprimidos, numa quase idêntica area do sensor.

Assim o importante é sabermos para que vamos utilizar as nossas fotografias e nao corrermos atrás dos “ mais megapixeis” quando vamos comprar uma camara e estarmos contentes com as imagens que produzimos com a nossa máquina, para o fim a que se destinam. As necessidades de quem publica somente na internet ou quer ver somente as fotografias num computador ou publicar num albúm digital, é completamente diferente de quem quer imprimir as suas fotografias e mesmo dentro deste nicho, depende no tamanho em que as queremos imprimir.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Nikon D700

A Nikon lançou agora a D700, uma full frame um patamar abaixo da D3 - a D3 é mais completa e mais direccionada para os profissionais - que tem em comum com a D3, entre outras coisas,uma função interessantissima: a indicação do horizonte visual, que permite que o fotógrafo tenha a noção da verticalidade ou horizontalidade da posição da máquina, o que vai evitar aquelas fotografias " com a maré a vazar " ou com " postes descaídos " que tanto me irritam , factor que passo a vida a chamar a atenção aos meus alunos e colegas, quando vejo imagens com esse defeito.


E pelos vistos vem aí uma D800 e uma D3x ( ou D4 ) com mais de 21 megapixeis.

Aguardemos com serenidade - eu tenho-a toda, pois a falta de graveto obriga-me a ser sereno.